REFLEXÃO: “O 'Valioso' da Igreja Modernista”

13/05/2022

Reflexões de um leitor argentino.

Na igreja modernista aprendi muitas coisas repletas de "valores".

  • Pagar o "direito de piso"(1) se você for novo.
  • Não falar, apenas calar, para sobreviver um dia sem maus tratos eclesiais.
  • Comungar na mão para não morrer de pandemia.
  • Não confessar problemas familiares, dores ocultas e traumas psicológicas para não ser expulso dos grupos.
  • Não pedir ajuda por medo de ser rotulado de fraco.
  • Aceitar que me mandem para uma igreja evangélica para não ser mais um estorvo.
  • Acreditar que todas as religiões são iguais e que conduzem a Deus.
  • Não me confessar, porque vejo os confessionários vazios o tempo todo.
  • Dirigir-me a um sacerdote como se fosse meu vizinho.
  • Julgar o tradicionalista por retrógrado, enquanto abraço o protestante como "irmão separado".
  • Obedecer obsequiosamente ao Papa e lhe justificar tudo, somente por estar sentado na cadeira de Pedro.
  • Visitar secretamente, e por curiosidade, os curas tradicionalistas, tudo por medo de ser condenado pela minha comunidade paroquial.
  • Ficar calado diante das relações homossexuais ou extraconjugais de muitos catequistas e formadores.
  • Ver como normal que os padres abandonem seus hábitos para se casar, e que muitos seminaristas deixem tudo por uma noiva.
  • Olhar para o outro lado diante da vida dupla de muitos "ministros da Eucaristia".
  • Permitir que me peçam certificados para poder assistir à Missa.
  • Rezar a "São" Angelelli, ao Gaúcho Gil ou à Pachamama.
  • Suportar tudo para não ficar mal com ninguém.
  • Acreditar que é válida uma missa virtual.
  • Repetir como um papagaio que a Igreja deve se atualizar para o mundo, que deve se modernizar.
  • Ouvir dos sacerdotes que Deus está no coração e que a Missa é apenas uma formalidade.
  • Que posso ser catequista sem qualquer formação, apenas por ser amigo de certo padre.
  • Cingir-me da faixa dos "padres Piolas" (2).
  • Ir à missa só porque gosto da homilia do padre "tiktokeiro".
  • Ir à missa porque "sinto vontade".
  • Aplaudir a Renovação Carismática.
  • Tolerar que um coordenador de catequese ande com um lenço verde (de ecologista) e marche pelo aborto.
  • Acreditar que dizer a verdade é condenar.
  • Ver como normal que se leve a hóstia na mão durante a comunhão.
  • Dizer que a religião correta é "ser uma boa pessoa", ou que não há necessidade de religião para ir para o céu.
  • Pensar que ter amor próprio é egoísmo.
  • Conter minhas lágrimas por isso.
  • Esconder o que pensava sobre os abusos litúrgicos para não entrar na lista negra do Arcebispado.
  • Observar de fora como eles se reuniam para os aniversários enquanto eu era excluído.
  • Caminhar pela noite aceitando a difamação da minha pessoa como sendo a Vontade de Deus.
  • Pensar que um drama familiar, o vício de um ente querido, um abuso na infância ou um problema de saúde mental nos define como pessoas.
  • Olhar a Eucaristia como uma simples ceia comemorativa.
  • Ser tolerante com os protestantes que insultam a Virgem Maria porque "há que respeitar as religiões".
  • Aceitar que um homossexual seja responsável pela catequese familiar porque "não se pode discriminar".
  • Acostumar-me com as elites diocesanas, que não deixam ninguém delas participar sem que cumpra certos requisitos.
  • Observar passivamente como as igrejas estão vazias, quão desertos estão os seminários, e como muitos catequistas colocam o lenço verde (do movimento ecologista) no pulso.
  • Resistir à humilhação e viver de perseverança.
  • Dizer que não se deve exagerar sobre Maria.
  • Acreditar que Lutero queria o melhor para a Igreja e, por isso, iniciou uma "Reforma".
  • Tratar os pobres como se fossem pobrezinhos.
  • Ler a Bíblia Latino-americana ou a Reina-Valera (3), tomando-as pela autêntica Palavra de Deus.
  • Desejar morrer porque não me sentia amado por ninguém.
  • Que se devia obedecer cegamente à autoridade do Bispo, mas que é muito bom que a Igreja seja democrática e mais participativa.
  • Conformar-me com uma simples saudação ou com as migalhas de um refrigerante, porque sentem pena de mim.
  • Pensar que comiseração é amor.
  • Pular com os demais jovens durante uma missa carismática, e gritar como louco.
  • Perambular pela rua mendigando um pouco de amor nas paróquias.
  • Acreditar que nunca poderia ser santo porque seria sonhar alto demais.
  • Acreditar que existem pecados que não são tão pecaminosos, e que tudo é relativo.
  • Viver com medo da rejeição, com raiva da família e com insegurança em relação à vida.
  • Pensar que a censura, a marginalização e o elitismo eram por preocupação em relação a mim, e por cuidados comigo.
  • Nunca ficar parado na missa.
  • Perdoar tudo, enquanto ninguém me perdoava sequer um mísero erro.
  • Acreditar que lhes observar tudo era deixar de cuidar da minha própria vida.
  • Fornecer, ainda hoje, um tema recorrente aos meus pesadelos: o sonhar que volto ali.

Eu era apenas uma criança, e não fiz ali qualquer amigo, e nem me tornei melhor por ter estado lá. Somente fiquei afundado em uma enorme lama espiritual, da qual tive dificuldade de sair, o que me deixou doente tanto de corpo quanto de alma. Só agora percebo o preço que paguei por isso.

Então, é minha vez de falar sobre isso, para que ninguém passe pelo que eu passei. A experiência sempre ajuda. E graças a Deus pude seguir em frente, de mãos dadas com a Tradição.


(1) Derecho de piso - expressão castelhana que significa "pagar o preço por ser novato". Novato sofre, pois tem que aceitar sem reclamar as piores tarefas, o trabalho mais chato; tem que engolir sapos, aprender a não questionar as ordens, jamais dizer "não"; às vezes, tem que se esforçar o dobro porque a exigência sobre ele é maior, ou deve fazer horas extras. Quando alguém atravessa esse tipo de situação, dizemos que está "pagando el derecho de piso" até se afirmar no emprego, profissão ou atividade; é uma fase que supõe um certo sacrifício para, só depois, passar a ser mais reconhecido ou respeitado e gozar de mais direitos.

(2) Padres-Piolas: padres guerrilheiros, especialmente no Uruguai e no sul da América do Sul, que, inspirados no padre colombiano Camilo Torres (1929-1966), convocavam o povo a pegar em armas contra a "opressão secular dos povos latino-americanos", contra "o poder das minorias privilegiadas" e outras pautas revolucionárias. 

(3) Reina-Valera - Trata-se da conhecida versão da Bíblia chamada Reina-Valera, que alcançou ampla difusão durante a Reforma protestante do Século XVI. Fonte: Wikipédia.


Fonte: Blog Miles Christi Resístens, "REFLEXIÓN: lo 'valioso' de la iglesia modernista"

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